domingo, 26 de fevereiro de 2012

So long, Farewell, Auf Wiedersehen, Good Bye

Morar em Nyc sempre foi um sonho para mim. Cheguei lá dessa vez e não consegui mais ir embora. Procurei trabalho, dormi no sofá de amigos, trabalhei como babysitter, fiz um curso, ganhei dinheiro pra me sustentar, arrumei um apartamento para morar de graça, fui petsitter, e consegui realizar aquilo que sempre quis.
Trabalhei bastante. Tinham dias que eu saía de casa às 8h da manhã e só voltava meia-noite. Ficava exausta, toda moída de carregar criança no colo, de abaixar para dar banho, arrumar a bagunça dos brinquedos. Mas brinquei muito, me diverti muito, ganhei a confiança dos pais e mais importante ainda das crianças. Criei um laço com elas muito forte. Coloquei para dormir enquanto elas seguravam minha mão ou deitavam a cabeça no meu ombro, e vi o brilho no olhar que elas tinham quando eu chegava. Ai ai... minhas crianças... minhas lindas e fofas e amadas crianças. E digo com toda a certeza do mundo que o amor era recíproco e que elas com certeza fizeram a minha temporada em Nyc muito mais feliz. Celeste e Cyrus, os mais lindos e engraçados e fofos e divertidos, charmosos inteligentíssimos carismáticos e amorosos, que mesmo querendo não conseguiam esconder a felicidade quando me viam subir a escada, com quem criei o maior laço de todos e que me acolheram, eles e seus pais incríveis que eu adoro, tão bem que lá me sentia em casa. Ginger, minha fofurinha, e Oliver, meu pequeno pirata que não queria falar português mas foi aprendendo comigo e melhorando a cada dia, e seus pais super queridos. Benyamin, meu gorducho lindo, que eu vi crescer por 4 meses e que só queria dormir no meu colo.
Conheci diversas culturas, não só a americana. Conheci melhor a cultura asiática, chinesa e vietnamita, a cultura holandesa, a cultura alemã, a cultura judaica, a até um pouco da cultura árabe, indiana, mexicana. Nyc reune o mundo inteiro em uma só cidade. Mistura de nacionalidades, línguas, culturas, comidas, religiões. Eu nunca me sentia um peixe fora d'água.
Passei por momentos difíceis, claro. Senti muita saudade da família e dos amigos no Rio. Pensei que fosse congelar no frio desumano, e acabei me acostumando com o ar gelado do inverno novaiorquino. Dormi por 3 meses em sofás e colchões infláveis e tive dor nas costas até conseguir o apartamento lindo e os cachorros fofos. Acordei cedo no frio, me desloquei para bairros longes, me perdi no Brooklyn, troquei fralda, dei banho, aguentei pirraça de criança. Fiquei triste em alguns momentos por vários motivos. Mas nunca, em momento algum, me senti sozinha.
 Reencontrei meu melhor amigo e um primo que eu amo muito. Fiz amigos novos que compartilharam comigo momentos inesquecíveis e principalmente coisas cotidianas que só os amigos mesmo compartilham. Conheci uma brasileira que se tornou minha melhor amiga, companheira de todas as horas. Trabalhei para famílias que me acolheram de uma forma que nem achava que era possível em Nyc.
No meu último final de semana marquei um jantar  e depois bar e balada com amigos na sexta para minha despedida, e sábado decidi trabalhar na família que eu mais gostava. Baratta ficou revoltado que eu ia trabalhar sábado e não deixou, disse que ia me levar para jantar e depois íamos para algum bar ou alguma festa. Eu então desmarquei o trabalho, e passei sábado batendo perna com a Clara fazendo as últimas compras e organizando as últimas encomendas. Quando estava a caminho de casa para me arrumar para o jantar Baratta me manda uma mensagem dizendo que cancelou o jantar. Eu fiquei puta, e triste, e chateada, e chorei no metro a caminho de casa. A Clara dizendo para eu não ficar daquele jeito, que ele era um idiota, um péssimo melhor amigo. Cheguei em casa arrasada. Mas quando abri a porta.... SURPRESA! Uma linda festa para mim! Eu não desconfiava nem um pouco, comecei a chorar novamente, dessa vez de alegria muita alegria. Abracei ele e a Clara, que também estava por trás de todo o plano maléfico, e pensei: "é, eu tenho os melhores amigos do mundo!". Foi uma noite deliciosa com todos aqueles que nunca, por momento algum, deixaram eu me sentir sozinha. Amigos para levar para a vida toda. Alguns antigos, outros novos. Amigos que eu não vou esquecer nunca.
E de volta ao Brasil, eu penso na minha vida lá e sinto tanta saudade que me falta ar. Depois do frisson da volta, de abraçar a família, rever os amigos, olhar pra Cidade Maravilhosa e pular carnaval, a saudade veio espaçosa e tomou todos os lugares dentro de mim. Pois agora a vida é aqui, e sabe-se lá quando vou conseguir voltar e ver de novo o sorriso das minhas crianças mais lindas do mundo e dos amigos tão queridos, sabe-se lá quando eu vou conseguir voltar e visitar minha amada big apple.
Com um sorriso nos lábios eu lembro de tudo e penso como fui feliz em Nyc! Muito feliz!

E veio a neve....

Linda! Linda demais! Acordei e corri para a janela e tava tudo branquinho. Aqueles flocos de neve caindo deixando tudo branco. Fui correndo para rua! Eu e Clara fomos tomar brunch num restaurante com janelas enormes para ficar vendo a neve e depois fomos andar pela cidade. Fomos em direção a um parque perto de casa. Eu coloquei minha galocha porque tava com medo de escorregar na neve com minha bota invernosa. Mas a galocha, de borracha, ficou gelada, e mais gelada, e meus dedos começaram a congelar! Corri para uma loja de sapatos e comprei a melhor meia que eles tinham, que mais esquenta! 30min de alívio e pés quentes. Depois, congelamento voltou a atacar! Tive que voltar em casa e trocar de bota antes de ir trabalhar. No dia seguinte fomos numa ingreja para ver um coro Gospel Não nevou mais desde sábado mas ainda tem resquícios de neve pela rua. E parece que agora só vai nevar de novo em fevereiro... =/

domingo, 8 de janeiro de 2012

Dezembro chegou e foi embora e nada de nevar em Nyc. Parece que está sendo um inverno atípico, com poucos dias de real frio. Quer dizer, para uma carioca esse frio, que para os nova iorquinos é tranquilo, já é frio pra caramba. -2, -3, -4 foi tranquilo. Acho que fui me acostumando. Agora quando chegou o -11 foi muuuuuuito difícil! Saí de manhã por que tinha que estar no trabalho às 10am. Coloquei o pé na rua e pensei: ah, tranquilo! Tava muito bem agasalhada,  no melhor estilo cebolão cheia de camadas, com um gorro tipo chaves que cobre a orelha, uma lindeza só! Mas foi eu começar a andar que vi que não importa o quão agasalhada você está, seu rostinho está sempre de fora e respirar aquele ar gélido chega a doer. Pensei que fosse passar mal! Cheguei a ficar meio tonta com dificuldade de respirar, mas segui em frente e entrei no metro, onde estavam todos ainda com seus casacos cachecols luvas e gorros. Saí do metro e comprei um capuccino no Starbucks que vem sempre pelando e eu demoro séculos pra conseguir tomar, nesse dia foi só dar 3passos na rua e pronto! temperatura excelente para beber! Mais 3 passos e o capuccino já estava frio... Mas isso já foi em janeiro...
Dezembro passou rápido. Mudei, pela milésima vez de casa. Vim para um excelente apartamento num excelente bairro, Lower East Side, cheio de bares e restaurantes e vida noturna e diúrna e barata! Tenho 2 roomates canínas, Chica e Colar, que me fazem muita companhia. Uma tv enorme, um quarto só pra mim, uma cozinha linda e toda equipada que fez com que meus dotes culinários melhorassem bastante. Fiquei bastante em casa curtindo meu momento morando sozinha, vendo filminhos, cozinhando. Fiquei 1 semana sem trabalho antes do natal, o que me deixou em pânico de ficar sem dinheiro, mas daí me enfurnei em casa para não ter muitos gatos, assisti muuuitos filmes, e muita porcaria na tv também, diga-se de passagem. Mas nessa semana eu e uns amigos brasileiros fizemos aqui um jantar de natal antecipado, já que a maioria iria passar o natal no brasil. Eu assei um peru enooooorme, que alimentaria 20pessoas facilmente, mas éramos só 8, e eu passei a semana comendo peru. Fizemos pure de maça, e farofa de aveia, e salada de rúcula pera e queijo de cabra. E de sobremesa, brigadeiro, afinal brasileiro que é brasileiro não dispensa um brigadeiro!
O natal mesmo foi bom. Calmo, eu e 3 asiaticas, jantarzinho aqui em casa, e muita, mas muita saudade do meu natal no Brasil. Dia 25 fui para casa de uma amiga alemã para jantar natalino internacional: 2 alemães, 1 holandesa, 3 chinesas, 1 vietnamita e euzinha brazuca. As meninas decoraram a casa e a mesa, cada um fez um prato, e bebemos e comemos e conversamos e nos divertimos muito a noite inteira. Nesse dia a saudade ficou mais calma.
Na semana entre natal e ano novo tive trabalho! Ufa! E tive infecção alimentar também. Comi num restaurante bem asiático e voltei para casa péssima, passei a noite mal e quase fui parar no hospital. É horrivel ficar doente sozinha, mas foi um aprendizado! Acho que saí dessa mais segura. E a Tran, vietnamita, ficou me ligando e checando se eu estava bem, fofa! É bom quando se tem outras pessoas na mesma situação que você, todos acabam se ajudando muito. Trabalhei bastante, cuidei de um menino de 5anos filho de uma brasileira que fala metade da frase em inglês metade em português, e nos divertimos muito! Fomos ver a árvore do Rockfeller Center, fizemos pic nic no Central Park, foi bem divertido.
Ano novo éramos 8 perdidos em Nyc. Nos juntamos para mais um jantar internacional dessa vez 2 vietnamitas, 1 chinesa, 2 alemães, 1 holadesa, 2 basileiras. Jantamos aqui em casa, bebemos vinho, ligamos a tv para a contagem regressiva e ver a bola cair, claro afinal estamos em Nyc, e estouramos um champgne, nos abraçamos, e divertimos. Saimos depois para um bar, as ruas lotadas, os bares cheios, animação, sorrisos, comecei o ano bem!
E veio janeiro e seu frio... e seu calor também. Aqui nesse inverno doido tem que ser pirex. Na mesma semana fez -11 e +15 graus! Haja saúde! Ontem foi um dia delicioso, quentinho, com sol e um céu azul lindo. Fomos tomar brunch e passear pelas ruas meio sem rumo só para aproveitar o delicioso dia de inverno atípico.